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Mulheres Alfa

Determinadas e independentes, as "mulheres alfa" conquistam cada vez mais espaço e respeito no mercado de trabalho e na sociedade. No entanto, assim como um homem alfa não é um "machão às antigas", uma mulher alfa não é uma mulher "masculinizada": ela exerce sua liderança sem esconder sua feminilidade. Uma mulher alfa pode liderar um grupo de homens usando saia e batom, sem precisar usar agressividade ou se impor – muitas vezes essa liderança é feita com delicadeza e firmeza.

Mas as mulheres alfa ainda encontram um desafio a mais do que os homens alfa no seu caminho: o preconceito. Afinal, muitos ainda acreditam que a liderança é uma característica masculina, e as mulheres têm que trabalhar muito não apenas para alcançar cargos de chefia dentro de uma empresa, por exemplo, mas também o respeito de seus colegas.

É aí que entra a guerra dos sexos…


De acordo com o psiquiatra e psicoterapeuta Luiz Cuschnir, os homens alfa têm que provar mais fortemente seu potencial frente às mulheres alfa. "E se são tratados por elas com superioridade, tornam-se homens irritados e constrangidos. Podem se sentir mais fracos e terem atitudes exacerbadas de agressividade e serem mais competitivos com elas", aponta Cuschnir, que coordena o Gender Group do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicinha da USP, e o Centro de Estudos da Identidade do Homem e da Mulher-IDEN.

Com isso, cresce o número de mulheres bem-sucedidas na casa dos 30 anos que têm dificuldade de encontrar um parceiro.

Existem mulheres-alfa que acabam com homens-alfa, mas, em seguida, decidem colocar a carreira em segundo plano quando chegam os bebês. Mas existe também um terceiro grupo: um pequeno número de mulheres que ganham mais que seus parceiros, dando origem a uma variedade de contorcionismos de comportamento que visam manter a aparência dos papéis tradicionais de gênero intacta. 

Anne-Laure Kiechel é uma banqueira de investimentos em Paris que ganha mais de cinco vezes o salário do namorado, um consultor de comunicação. Ela controla as finanças do casal e paga grandes despesas, como férias. 

Mas, em público, é ele quem insiste em puxar o cartão de crédito para evitar, como ele diz, que pareça "um gigolô". 

"Isso me faz rir", disse Kiechel. "Mas se lhe agrada, tudo bem." (Não muito tempo atrás, ele pediu a ela para reservar hotéis em seu nome porque não gosta de ser tratado como Mister Kiechel quando chega; futuras reservas serão feitas no nome dos dois, disse ela.)

Uma gerente italiana de 38 anos reclamou que seu namorado sugeriu que ela mudasse de emprego porque não se sentia mais capaz de "seduzi-la" quando o salário dela ultrapassou o dele. Uma consultora de gestão francesa disse que seu marido, um professor, deixou de ir às festas com ela porque sentia-se inadequado cada vez que alguém perguntava o que ele fazia. Uma banqueira alemã disse que uma razão para seu ex-marido trocá-la por uma fisioterapeuta foi "porque ela teria mais tempo para ele". 

"É incrível como até mesmo muitos homens liberais acabam enfrentando dificuldades sexuais e emocionais por estar ao lado de mulheres mais obviamente bem-sucedidas", disse Sasha Havlicek, executiva de 35 anos, chefe de um grupo de pesquisadores em Londres. Uma amiga recorreu a um ritual fingindo desamparo. O objetivo era que seu parceiro recuperasse seu senso de masculinidade. "O ego masculino pode ser mais frágil que o feminino."

O psicanalista Bernard Prieur afirma que homens que ganham menos que suas parceiras lutam contra duas inseguranças: "Eles se sentem vulneráveis social e pessoalmente. Socialmente, vão contra milênios de crenças e estereótipos que o vêem como arrimo da família. E o sucesso da parceira muitas vezes lhe dá um sentimento de fracasso pessoal", disse Prieur. 

Porém nem todo homem sente-se ameaçado frente a uma mulher alfa afirma Luiz Cuschnir. Muitos já se acostumaram com essas mulheres poderosas e conseguem ou criar parcerias criativas ou então entrar em uma competição saudável. É o exemplo de Clarck, casada há 13 anos e sócia de seu marido. Ela afirma que durante todo o tempo de trabalho junto, nunca houve disputa de poder entre os dois. "Os homens bem resolvidos e inteligentes enfrentam com naturalidade e sentem orgulho das parceiras que brilham no mercado", aponta.

E como as mulheres estão dominando o mundo é melhor os homens se acostumarem o quanto antes com essa nova imagem feminina senão chegará o dia em que eles terão dificuldade de encontrar uma parceira.

Fonte – http://veja.abril.com.br e http://www.luizcuschnir.com.br